Por onde andam O Tchan de ontem Longe dos palcos e da tevê, cantores e grupos de sucesso descartável dos anos 80 acalentam o sonho de retomar a carreira Marianne Piemonte
Márcio Mendes, Ana Maria Mendes e Cléo Ferreira, pioneiros no estilo de grupos movidos a dançarinas com muito rebolado e roupas provocantes, faziam 18 shows por mês e eram a atração principal dos programas dominicais. O grupo se desfez no auge, quando Cléo, hoje com 40 anos, engravidou. Agora, o Trio Los Angeles ensaia um retorno – reciclado. Márcio escolheu novas parceiras. Em sintonia com os tempos atuais, desistiu das morenas vistosas e optou por loiras sensuais. A nova formação traz Madalena Ravesca e Adriana Alonso, ambas com 24 anos. “Não dava para colocar nas mais velhas as roupas que as novas usam”, ele explica. Exemplo do sucesso popular-brega dos anos 80, o Trio Los Angeles sumiu na máquina do tempo da indústria fonográfica. Assim como eles, desapareceram a dupla Jane e Herondy, o grupo Genghis Khan, o cantor Ovelha, entre tantos outros. Depois de animarem tardes em programas como Cassino do Chacrinha e Almoço com as Estrelas, todos sonham em voltar no tempo. “LARGARIA TUDO” Márcio, do Trio Los Angeles, faz sua aposta. E agarra-se ao Tchan das novas colegas para garantir um passaporte de volta para o futuro nos palcos. Mas esbarra, como explica a antropóloga Esther Hamburguer, da USP, na concorrência dos famosos emergentes. “O sucesso depende da sintonia entre o que o público deseja e o que o artista faz”, diz. “Quando essa troca deixa de existir, a fama passa.” É como se fossem o É o Tchan do passado. Para ela, é possível que dentro de 10 anos o público queira saber que fim levou o É o Tchan, a Tiazinha e a Feiticeira. E voltar é complicado. “A fama é como a moda. Se passa é difícil retomar o sucesso anterior.” Mas os ídolos esquecidos não desistem. O novo Trio Los Angeles faz cinco shows por mês. O novo CD está à venda em bancas de jornais. Vem encartado em uma revista própria com fotos sensuais dos três. Depois da fama, Márcio abriu um confecção de roupas e um curso de manequim. “Quando a saudade apertava eu me enfiava na confecção. Largaria tudo para estar no palco”, afirma. Ana Maria, uma das antigas parceiras, dedicou-se à família. “Fiquei em casa cuidando do marido, do cachorro e dos filhos, mas não era feliz”, diz ela. Aos 41 anos, a ex-dançarina pretende se tornar colunista de uma revista feminina.
Em 1977, estiveram no topo de todas as paradas com “Não se Vá”. O hit alcançou inclusive o mercado internacional. O sucesso permitiu a eles comprar uma casa com piscina, sauna e gramado em um bairro valorizado de São Paulo. Em 1985, o casal sofreu um acidente de carro na Rodovia Anhanguera, no retorno de um show. “Foi comoção nacional. O hospital teve de colocar uma telefonista exclusiva para atender os fãs”, lembra Jane. Ficaram dois anos longe dos palcos e, quando resolveram voltar, a música sertaneja começava a invadir as rádios. “Decidimos não gravar. Não era nosso estilo”, diz Jane. Foi um marco na carreira da dupla, que desde 1989 está afastada das gravadoras e não lançou nenhum disco. Para sobreviver, a família faz pequenas apresentações. A filha Juliana, 28 anos, também canta, mas cedeu à moda sertaneja. É backing-vocal da dupla Rick e Renner e, assim, ajuda a complementar a renda familiar. Jane Moraes e Herondy Bueno não levam mais o estilo de vida dos tempos áureos. Substituíram a ampla casa por um apartamento mais simples comprado na época da fama. “Mudei de padrão, mas nunca deixei de usar maquiagem importada”, diz Jane. A dupla, que antes lotava estádios, agora vai a pé apresentar-se em um bar na rua da casa onde moram para uma platéia de 15 pessoas.
Com o estilo romântico-brega, Ovelha, apelido dado por Chacrinha por causa da vasta cabeleira loura do cantor, forrou a conta bancária. Em 1981, ele era dono de um carro importado na cor vermelho ferrari. Hoje, “o cantor romântico da voz de seda”, como ficou conhecido, circula com a família em um Monza 90. Fora da mídia, ele sobrevive com pequenos shows em bares. “Com todos esses bumbuns de fora é difícil conseguir espaço”, diz, com nostalgia dos tempos em que arrebanhava uma legião de fãs.
|
sábado, 22 de agosto de 2015
Por onde andam?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário