UNIDOS
Geraldo Alckmin, Aécio Neves e Fernando Henrique (da esq. para a dir.) aliança em prol do Brasil
Em um primeiro momento, a direção tucana se dividiu sobre ingressar ou não no governo Temer. O grupo do senador José Serra se mostrava favorável. Argumentava não fazer sentido apoiar o impeachment e não contribuir com uma nova gestão. Outras alas temiam o desgastasse da legenda. Nos cálculos dos tucanos, poderia ser arriscado apostar o capital político na indicação de ministros para a gestão Temer. Afinal, não são poucos os desafios econômicos que ele terá pela frente. De maneira sensata, integrantes do PSDB avaliaram que é justamente o cenário adverso que exige a participação tucana. Negar-se a fazer parte de um governo de união nacional, como o PT fez com Itamar Franco, isolaria a legenda das vozes que pediam o impeachment na rua. “O PSDB tem responsabilidade política. Então não pode simplesmente dizer não entro (na gestão Temer)”, declarou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
ALIADOS
Temer, Renan e Aécio (da esq. para a dir.) se reúnem em Brasília: Renan
disse que está satisfeito com a parceira do PSDB com o futuro governo
O raciocínio de FHC foi compartilhado por parlamentares em trocas de mensagens por celular. Os apelos são tantos que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mudou de postura. Relutante da adesão do partido, agora se inclina a apoiar a ocupação de cargos. Três tucanos são considerados ministeriáveis. A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) é cortejada para a Secretaria Nacional de Direitos Humanos. O nome de Aloysio Nunes Ferreira ganha força para a pasta de Relações Exteriores. José Serra é cogitado para a Educação, entre outros postos estratégicos. Especulações apontam que Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) poderão ocupar outras vagas.
No Congresso Nacional, o staff do vice-presidente demonstra disposição em abrir mão da hegemonia peemedebista no Congresso. Atualmente, o PMDB ocupa a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. Temer estuda patrocinar um nome tucano à sucessão de Eduardo Cunha, o que funcionaria como um reequilíbrio de forças. O mais cotado é o deputado Jutahy Magalhães. Apesar de fugir das alianças eleitoreiras firmadas pelo PT, a costura entre PMDB e PSDB passa pelas eleições de 2016 e de 2018. Temer selou um acordo com os tucanos de que não será candidato à reeleição. Tampouco, diz, usará a máquina federal para eleger um correligionário. O primeiro teste da neutralidade deverá ocorrer neste ano. Um compromisso firmado entre as duas partes estabelece que Temer não interfira diretamente na disputa em capitais onde tucanos tentem à reeleição ou liderem as pesquisas.
Foto: Adriana Spaca/Brazil Photo Press; Antonio Cruz/Agência Brasil
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